SÃO PAULO – Nesta sexta-feira (19) outra semana agitada chega ao fim, com o Ibovespa tendo fechado os cinco dias com valorização de 3,44% na busca da volta dos 50 mil pontos. Agora o investidor segue de olho na penúltima semana de 2014, e quem pensa que o cenário será mais tranquilo por conta de do Natal está enganado. Serão pelo menos 7 eventos para se ficar atento durante os próximos dias.
A semana que vem trará para o investidor o relatório trimestral de inflação divulgado pelo Banco Central, a balança comercial de dezembro, o PIB do Reino Unido, PIB dos Estados Unidos, pedidos de bens duráveis nos EUA e a definição da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). “Em suma, a próxima semana deve continuar com um cenário de pessimismo no mercado interno, com pressão crescente para uma mudança drástica na diretoria da Petrobras e repercussões de indicadores que devem apresentar viés negativo, assim na próxima semana o Ibovespa deve permanecer pressionado”, destaca a equipe da Coinvalores.
De acordo com o economista da Guide Investimentos, Ignácio Crespo, no cenário geopolítico, também devemos ter atenção às novas sanções dos EUA para a Rússia, o que, de acordo com ele, deverá ser mais relevante para os próximos cinco dias do que o término do embargo econômico entre os americanos e Cuba, já que para o economista, “o que temos de informação sobre o assunto ainda é muito preliminar, poderá demorar até que saibamos o real impacto disto nos mercados”.
Crespo ainda ressalta que a semana que vem deverá ser de volume baixo na Bolsa, o que já é usual no final do ano, principalmente com a chegada do Natal. “A próxima semana vai ser de menor volume negociado e volatilidade ainda alta dado que estamos vivendo um cenário bastante conturbado principalmente no cenário externo. Nos últimos dias vimos emergentes sofrendo, bolsas em queda e tudo com grande volatilidade. Não só aqui, onde o movimento tem sido muito ligado aos ativos da Petrobras, mas lá fora também. É típico no final de ano a movimentação mais fraca”, disse o economista.
Confira os eventos que prometem agitar a próxima semana:
1) Relatório Trimestral de Inflação
O dado deverá ser acompanhado pelo investidor já que será o último indicador trimestral de inflação a ser divulgado ainda neste ano. De acordo com os economistas Thaís Marzola Zara, Rafael Bistafa, Leonardo França Costa e Eduardo Soares, da Rosenberg Associados, “o mercado deve ficar atento à leitura do BC quanto à conjuntura brasileira. É sabido que 2015 será de baixo crescimento com reajuste de preços, com a inflação subindo bastante no começo do ano, enquanto, concomitantemente, a atividade deve andar mais devagar”.
De acordo com eles, “após a divulgação do relatório, o discurso de Carlos Hamilton, importante membro do Copom, será altamente relevante para interpretar o posicionamento da instituição perante a subida de preços, dando pistas acerca dos próximos passos da política monetária – com a chance de sinalizar o grau do aperto monetário após a elevação de 50bps na reunião de dezembro”. No entanto, os economistas ressaltam que não deverá conter no relatório o recente abalo no mundo emergente, com a quebra do rublo e um “sinal de alerta aceso” na Rússia, além da aproximação de um aumento na taxa de juros dos EUA.
2) Balança comercial de dezembro
Para o economista Ignácio Crespo, a balança comercial será um dos principais dados a serem acompanhados pelos investidores no cenário nacional, que, de acordo com ele, será mais “tranquilo” que o cenário externo. Os economistas da Rosenberg estimam “novo resultado nada animador, já que sazonalmente em dezembro se costuma registrar superávits ao redor de US$ 1,7 bilhão. Estimamos déficit de US$ 555 milhões, reflexo da forte retração das exportações, notadamente de básicos (soja e minérios), ainda que impulsionadas pelos embarques de petróleo e carnes, enquanto que manufaturados (material de transporte) também seguem bastante prejudicados pelas exportações para a Argentina”.
“Caso nossa projeção se concretize, será um novo péssimo resultado, muito pior que o registrado em novembro do ano passado (superávit de US$ 2,6 bilhões). Assim, 2014 encerrará com déficit comercial ao redor de US$ 4 bilhões, primeiro déficit anual desde 2000 e o maior desde 1998”, destacam os profissionais.
3) PIB do Reino Unido
Crespo explica que o PIB do Reino Unido deverá ser um dos dados mais importantes do cenário externo, já que servirá para dar um suporte econômico tanto para a região, quanto para a Europa. Para ele, uma visão final para o PIB da região poderá ajudar a impulsionar as Bolsas por lá, o que poderá ter efeitos na bolsa brasileira.
4) PIB dos EUA
Sendo esta a última leitura do PIB do país, este também é um dos dados que deverão ser observados pelo mercado, já que, como ressaltam os economistas da Rosenberg, “espera-se a confirmação de aquecimento da economia do país, com os dois últimos trimestres registrando a mais forte aceleração desde 2003. Ainda, na semana que vem será conhecido o consumo norte-americano em novembro, sendo que esta variável responde por cerca de 70% do PIB do país e pode dar sinais do comportamento da atividade no quarto trimestre”.
5) Pedidos de bens duráveis dos EUA
De acordo com Ignácio, o índice também segue no radar do investidor na próxima semana pois trará dados mais sólidos sobre o setor industrial dos Estados Unidos. O Durable Good Orders é uma boa medida do nível de atividade industrial na economia norte-americana, já que a queda de pedidos e entregas de rendas duráveis é mais um indicador do desaquecimento do setor industrial nos EUA, enquanto o aumento do índice pode indicar que a indústria norte-americana operam em expansão.
6) Petrobras
O caso da Petrobras seguirá também no radar do investidor semana que vem, já que existem rumores de que a atual presidente da companhia, Maria das Graças Foster, poderá ser substituída. Segundo a Folha de S. Paulo, Rodolfo Landim, ex-presidente da OGX, agora Óleo e Gás Participações, poderia tomar a presidência da estatal; além dele, os nomes de Murilo Ferreira, presidente da Vale, Nildemar Secches, ex-presidente da Perdigão e um dos fundadores da WEG e Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, também estão cotados para o cargo.
Fonte: InfoMoney.com.br